terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Carnaval brasileiro na França

Há semanas não escrevo para o blog... Estou em Toulouse, sul da França, e me concedi alguns dias para entender este país.
Diariamente leio o jornal do metrô, que, embora apresente certa “tendência”, me mantém atualizada. À noite assisto aos telejornais. Considerando, claro, o percentual do que entendo do francês!!!
São três redes de TV públicas e cada uma à sua maneira discretamente nos diz que a França é o “melhor lugar do mundo”.
Há duas semanas assisti uma rica matéria sobre a América do Sul. Uma abordagem crítica e bastante interessante. Nossos problemas sociais foram ricamente abordados, tendo como pano de fundo o debate do MST. Me surpreendi ao assistir na França o que pouca vezes (para não dizer nunca) tive a oportunidade de ver na TV brasileira.
Em outra matéria, vi como são explorados os trabalhadores nas lavouras de laranja, no interior de São Paulo. Os laranjais que produzem os sucos que os alemães adoram!!!
Além disso, não ouvi falar mais nada do Brasil na TV. Talvez seja até interessante. Assim, pelo menos, a França não fica sabendo que é Arruda!
Bom... Continuei ansiosa em ouvir ou ler algo de positivo sobre Brasil, na Europa. Hoje saiu no jornal (o meu jornal diário do metrô) uma reportagem sobre o carnaval. Fiquei curiosíssima. Peguei o folhetim e li na praça, parada em meio ao movimento de pessoas e sob o forte frio do inverno europeu.
A matéria trás um rápido resumo o que é o desfile das escolas de samba no Rio. Em um segundo subtítulo fala de uma « petite reine », referindo-se à rainha da bateria da escola Unidos do Viradouro, de apenas 7 anos. Segundo o jornal o desfile da “petite reine” envolve uma polêmica: a forte conotação sexual do carnaval. Fechando a matéria o folhetim esclarece que o governo mobilizou 7000 policiais para garantir a máxima segurança na cidade.
A matéria trás uma grande fotografia com a garota Julia Lira e, ao todo, não representa 50% de uma folha do pequeno jornal. Me chamou a atenção a distribuição das informações. Introdução: um mapa do Brasil e a apresentação do que é o carnaval e como se organiza. Beleza! Os franceses pouco sabem sobre nosso carnaval. Mas o que mais chama atenção são as informações seguintes. O foco sexual do carnaval e o esclarecimento sobre a necessidade de forte policiamento.
Diante da posição dos autores da matéria, minha sociologia de bar me permitiu algumas indagações. Dentre elas: Qual é o ângulo escolhido para se olhar nosso país?
Nos próximos dias continuarei tentando entender a França. Já há o que me fascine!!!! Mas, principalmente, tentarei olhar com “outros olhos”. Talvez consiga perceber melhor o ângulo que eles nos olham...

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La Garrone
La Place du Capitole

Journal de Toulouse (16 février 2010)

Julie Lira, 7 ans à peine et déjà reine du carnaval de Rio.

Oubliant un temps la polémique autour de son jeune âge, la reine du carnaval de Rio, de l'école de samba de Viradouro, Julia Lira, 7 ans, a dansé avant-hier ors du défilé du carnaval.
Certains estimaient choquant qu'une fillete incarne la reine du carnaval, icône réputée pour ses charmes. Quelques instants auparavant, ele avait craqué devant les objectifs des photographes, se pleurs dans les bras de sa mère.

2 comentários:

  1. Oi Marlaaa...então fica dificil os países nos verem com outra visão, pois o que mais se destaca realmente no Brasil, é a desigualdade social,violência, o carnaval (samba), futebol, e AMAZONIA. Acredito que grande parte da culpa, seja de nós mesmos brasileiros, porque milhares de pessoas se ocupam um ano inteiro para peparar um desfile que durará 40 minutos na avenida, mas não dedicam 1 dia da semana pra fazer um trabalho voluntário que pode mudar a vida de uma pessoa, o que estes desfiles, ACRESCENTA na vida de alguém???,,, Bom acho mto legal essa sua ligação Brasil/França...espero mais noticias,,,bjus Prof...estamos com Saudades!

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  2. Oi Reysi, muito interessante e oportuna tua reflexão. Logo na primeira semana aqui descobri o que são os “clichês”. Coisas não muito interessantes que se fala sobre o Brasil, como a “mulher brasileira”, etc.
    Mas, há muito no Brasil que falta por aqui! E olha que ouvi isso de franceses (que claro, conhecem o Brasil, o que é a minoria da minoria.. rs).
    Mas impendente do que dizem, pensam ou falam, não podemos nos fechar, temos muito a aprender (e a ensinar!).
    um beijão.. Também estou com saudades!

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